sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

EMPREENDEDORISMO CULTURAL DO PATRIMÔNIO EDIFICADO

Por Joselito Brilhante
Professor do IFCE - Campus Quixadá

O Brasil, em virtude de sua extensão continental e da complexa formação étnica do seu povo, possui uma das mais ricas diversidades culturais do planeta, cujo acervo de obras arquitetônicas se espalha em quase todas as cidades.
Nas últimas décadas, a exploração econômica do potencial dos diversos aspectos ligados ao patrimônio urbano arquitetônico passou a ser um dos caminhos alternativos para preservação dos mesmos. Principalmente as edificações que se localizam em espaços estratégicos para o turismo foram disponibilizadas para empreendedores ocuparem com negócios. Nelas, geralmente, foram instalados negócios relacionados ao turismo cultural, quando permitiam o acesso ao interior, e outros negócios quando interessava principalmente a preservação da fachada. Ambas gerando um extenso leque de oportunidades de geração de emprego e renda.
Mas, se por um lado essa orientação empreendedora descortina oportunidades, principalmente para pequenos negócios, deve-se atentar para o risco de a exploração mercantil do espaço patrimonial se sobressair aos valores culturais. Com isso, todo esse processo empreendedor deve adotar a educação patrimonial e a responsabilidade social como critérios de sustentabilidade tanto quanto a elaboração do plano de negócios.
É evidente que o patrimônio possibilita vantagens comparativas e também competitivas em projetos de desenvolvimento local. Assim, a preservação do patrimônio urbanístico arquitetônico agrega valor às peculiaridades ambientais e culturais, sobretudo em projetos de turismo de base local.
O empreendedorismo cultural que tem como proposta a implantação de empreendimentos nos espaços patrimoniais deve ter como marco a sustentabilidade em todas as suas dimensões.
Um modelo de desenvolvimento local centrado na apropriação empreendedora do patrimônio edificado tem que buscar uma sinergia das ações através da mobilização de toda comunidade, formando uma consciência coletiva de reconhecimento e responsabilidade junto aos empreendedores e ao projeto. O desenvolvimento de políticas públicas e de parcerias são reconhecidamente de grande importância para assegurar o êxito dos empreendimentos e garantir a mudança cultural da comunidade no reconhecimento da valorização de um patrimônio urbanístico arquitetônico.
Nesta sinergia, cabe às instituições de ciência e tecnologia desenvolver linhas de pesquisa que relacionem turismo e empreendedorismo em projetos de desenvolvimento local respaldado no turismo, como recurso para dinamizar as economias locais e avaliar os impactos gerados ao longo do tempo.
O empreendedorismo cultural do patrimônio edificado deve contribuir para o desenvolvimento local sustentável do turismo pela qualidade e competitividade, objetivando, simultaneamente, a geração de benefícios sócio-econômicos para a região e a valorização e proteção do seu patrimônio urbanístico arquitetônico como elementos da riqueza de um povo.