quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Planejamento Regional para o Sertão Central?

Escrito por Alexandre Queiroz Pereira

Na aurora do século XXI, o aglomerado regional polarizado por Quixadá demonstra, assim como na maioria dos arranjos desta natureza no Ceará, fragilidade e altos índices de dependência do entorno em relação ao polo. Esse modelo de planejamento mina a possibilidade de uma integração a partir do compartilhamento de funções e inviabiliza trocas intermunicipais mais equilibradas. Um ciclo vicioso se consolida: os municípios satélites não se dinamizam pela concentração de funções do polo, e concomitantemente, o polo concentra mais funções porque atrai os fluxos dos demais municípios. O que salta como possível solução para tais questões são políticas públicas baseadas na distribuição de funções complementares entre os referidos municípios.
Mudança recente no perfil regional se deve à concentração em Quixadá de serviços educacionais de nível superior, técnico e tecnológico. Além do campus avançado da Universidade Estadual do Ceará (FECLESQ) e dos campi da Faculdade Católica Rainha do Sertão, atualmente, na sede municipal instalaram-se os campi da Universidade Federal do Ceará (UFC) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE). Em alguns discursos e propagandas locais, a Cidade aparece com uma função especializada: a “cidade universitária do sertão”. De fato, estas instituições geram um fluxo migratório de professores e alunos que se instalam sazonal e definitivamente na cidade. Estes novos sujeitos requerem um conjunto de novos serviços e mercadorias que diversificam a base econômica e cultural da cidade e da região.
Seria, a partir deste momento, uma nova virada socioeconômica e cultural em Quixadá, assim como acontecera à época da construção do Cedro? Todavia, mais uma vez as políticas públicas preferem a concentração à complementaridade de funções intermunicipais. Vale ressaltar que quanto mais se concentram funções, atraindo maior contingente populacional (permanente ou não), maior demanda por serviços sociais são criados, causando impactos de maneira a sobrecarregar as já precárias condições infraestruturas intraurbanas, sociais e ambientais existentes.