sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Imagem e Turismo no Ceará

Por Eduardo Lúcio G. Amaral

Identidade é uma construção intencional, de conteúdo ideológico, que busca maiores ou menores conexões com a cultura. Sabemos que nem tudo que pertence ao universo da cultura interessa ser apropriado pelo discurso da identidade. Além de intencional, a idéia de Identidade também guarda um sentido instrumental: identidade que serve para um determinado propósito.
Não há como desvincular o estudo dos discursos acerca da Identidade (no caso, da identidade cearense) de uma imagética a ela relacionada. O discurso da identidade cearense surge na literatura e na historiografia, por volta da década de 1860 e, apesar das muitas reelaborações que vem sofrendo ao longo das décadas, guarda um fundo comum. Esse fundo comum está ligado à permanência de uma imagética relacionada ao mundo natural e à civilização sertaneja daí resultante.
Desde sempre, a literatura e a historiografia evocam um Ceará impregnado de natureza inóspita e hostil. Dela resulta uma civilização em que o homem tem, não somente que lidar, mas que lutar contra a natureza. Ele é, em última instância, visto como um resistente, “um forte”, diante da natureza ameaçadora.
Entretanto, por mais que envide esforços para essa resistência, o homem cearense (e sertanejo, e nordestino) nem sempre alcança o domínio completo sobre a natureza. Aliás, muito pelo contrário. Quando a estiagem, a seca, irrompe em toda a sua fúria, a desgraça humana se revela em toda a sua plenitude. É desta “calamidade climática” que nasce o imaginário brasileiro acerca do Ceará. Da mesma maneira, é este o Ceará que os cearenses divulgaram para o sul do país.
As imagens de miséria, abandono, fuga, desolação povoam a cultura brasileira quando se trata de falar do Nordeste e do sertão. Embora o Nordeste e o Ceará não sejam somente isto, o imaginário popular tem dificuldades de imaginar um outro Nordeste e um outro Ceará que não fossem somente isto.
A partir de meados da década de 1980, portanto há menos de trinta anos, a indústria do turismo estabeleceu-se definitivamente no Ceará. Como o turismo lida com bens de natureza simbólica, como projetar o sucesso do negócio num lugar impregnado por imagens negativas, de miséria e seca, tão vivas no imaginário do brasileiro médio?
Necessário foi criar uma nova identidade para o Ceará. Mas, dado estar fortemente criado o vínculo com a imagética das secas, criou-se uma nova estratégia: desvincular “Fortaleza” do “Ceará”.
A imagem de Fortaleza foi positivada através das várias campanhas publicitárias nacionais. Ao invés de capital da seca e da miséria, transformou-se numa cidade paradisíaca caribenha, com um povo afetuoso (indolente?), ingênuo (o mito do bom selvagem?) diante de uma natureza dócil e malemolente, crivada de coqueiros e ornamentada por um mar de eterno azul.
No próximo post vamos procurar compreender as repercussões desta construção ideológica no curso do planejamento do turismo no Ceará e, em última instância, na própria situação de Fortaleza e do Ceará perante o imaginário brasileiro.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Alunos do IFCE Quixadá ganham nove bolsas da Funcap/CNPq

Os alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) – campus de Quixadá foram contemplados com nove bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio de edital da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).
As bolsas foram concedidas na categoria Iniciação Científica Júnior, com o objetivo de despertar nos estudantes o interesse por desenvolver atividades de pesquisa e extensão na área de ciência.
Foram contemplados quatro projetos, dos cursos de Edificações e Guia de Turismo. Na primeira área, o projeto “Concreto com adição de resíduo de borracha de pneu para aplicações expostas ao ambiente, resistentes a variações térmicas elevadas” recebeu três bolsas. A orientação é do professor Francisco Alves da Silva Júnior.
Também para o curso de Edificações, foram concedidas duas bolsas, para o projeto “Avaliação e adequação de habitações autoconstruídas no município de Quixadá/CE”. A orientação é da professora Karinna Ugulino.
Já no curso de Guia de Turismo, cada projeto foi contemplado com duas bolsas. “Monitoramento das transformações socioespaciais no centro urbano de Quixadá” tem orientação do professor Alexandre Queiroz Pereira. “Determinação do potencial para a captação de água de chuva na microrregião do Sertão Central cearense” é o tema da pesquisa orientada pelo professor Lucas da Silva.
As bolsas têm vigência de um ano. A participação dos alunos nas pesquisas começou mês passado e prossegue até novembro de 2011.
Confira a relação dos alunos bolsistas:
• Adail Alves Saraiva Junior (Edificações)
• Amanda Lúcia André Sobral (Turismo)
• Fiama Emanuela de Sousa Barbosa (Turismo)
• Francisca Ádila Ferreira Pereira (Turismo)
• Francisca Fabrícia Teodoro (Turismo)
• Karla Loiola Maia Amaral (Edificações)
• Priscila da Silva dos Santos (Edificações)
• Sóstenes Saraiva de Sales (Edificações)
• Thamara Kely de Sousa Fernandes (Edificações)