Por Eduardo Lúcio G. Amaral
Identidade é uma construção intencional, de conteúdo ideológico, que busca maiores ou menores conexões com a cultura. Sabemos que nem tudo que pertence ao universo da cultura interessa ser apropriado pelo discurso da identidade. Além de intencional, a idéia de Identidade também guarda um sentido instrumental: identidade que serve para um determinado propósito.
Não há como desvincular o estudo dos discursos acerca da Identidade (no caso, da identidade cearense) de uma imagética a ela relacionada. O discurso da identidade cearense surge na literatura e na historiografia, por volta da década de 1860 e, apesar das muitas reelaborações que vem sofrendo ao longo das décadas, guarda um fundo comum. Esse fundo comum está ligado à permanência de uma imagética relacionada ao mundo natural e à civilização sertaneja daí resultante.
Desde sempre, a literatura e a historiografia evocam um Ceará impregnado de natureza inóspita e hostil. Dela resulta uma civilização em que o homem tem, não somente que lidar, mas que lutar contra a natureza. Ele é, em última instância, visto como um resistente, “um forte”, diante da natureza ameaçadora.
Entretanto, por mais que envide esforços para essa resistência, o homem cearense (e sertanejo, e nordestino) nem sempre alcança o domínio completo sobre a natureza. Aliás, muito pelo contrário. Quando a estiagem, a seca, irrompe em toda a sua fúria, a desgraça humana se revela em toda a sua plenitude. É desta “calamidade climática” que nasce o imaginário brasileiro acerca do Ceará. Da mesma maneira, é este o Ceará que os cearenses divulgaram para o sul do país.
As imagens de miséria, abandono, fuga, desolação povoam a cultura brasileira quando se trata de falar do Nordeste e do sertão. Embora o Nordeste e o Ceará não sejam somente isto, o imaginário popular tem dificuldades de imaginar um outro Nordeste e um outro Ceará que não fossem somente isto.
A partir de meados da década de 1980, portanto há menos de trinta anos, a indústria do turismo estabeleceu-se definitivamente no Ceará. Como o turismo lida com bens de natureza simbólica, como projetar o sucesso do negócio num lugar impregnado por imagens negativas, de miséria e seca, tão vivas no imaginário do brasileiro médio?
Necessário foi criar uma nova identidade para o Ceará. Mas, dado estar fortemente criado o vínculo com a imagética das secas, criou-se uma nova estratégia: desvincular “Fortaleza” do “Ceará”.
A imagem de Fortaleza foi positivada através das várias campanhas publicitárias nacionais. Ao invés de capital da seca e da miséria, transformou-se numa cidade paradisíaca caribenha, com um povo afetuoso (indolente?), ingênuo (o mito do bom selvagem?) diante de uma natureza dócil e malemolente, crivada de coqueiros e ornamentada por um mar de eterno azul.
No próximo post vamos procurar compreender as repercussões desta construção ideológica no curso do planejamento do turismo no Ceará e, em última instância, na própria situação de Fortaleza e do Ceará perante o imaginário brasileiro.
Com enfoque no contexto SEMIÁRIDO cearense, este blog tem o objetivo de divulgar as idéias, as realizações, as pesquisas e as demais atividades do Grupo de Pesquisa formado pelos professores das ciências sociais, sociais aplicadas e ambientais do IFCE (Campus Quixadá).
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Alunos do IFCE Quixadá ganham nove bolsas da Funcap/CNPq
Os alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) – campus de Quixadá foram contemplados com nove bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio de edital da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).
As bolsas foram concedidas na categoria Iniciação Científica Júnior, com o objetivo de despertar nos estudantes o interesse por desenvolver atividades de pesquisa e extensão na área de ciência.
Foram contemplados quatro projetos, dos cursos de Edificações e Guia de Turismo. Na primeira área, o projeto “Concreto com adição de resíduo de borracha de pneu para aplicações expostas ao ambiente, resistentes a variações térmicas elevadas” recebeu três bolsas. A orientação é do professor Francisco Alves da Silva Júnior.
Também para o curso de Edificações, foram concedidas duas bolsas, para o projeto “Avaliação e adequação de habitações autoconstruídas no município de Quixadá/CE”. A orientação é da professora Karinna Ugulino.
Já no curso de Guia de Turismo, cada projeto foi contemplado com duas bolsas. “Monitoramento das transformações socioespaciais no centro urbano de Quixadá” tem orientação do professor Alexandre Queiroz Pereira. “Determinação do potencial para a captação de água de chuva na microrregião do Sertão Central cearense” é o tema da pesquisa orientada pelo professor Lucas da Silva.
As bolsas têm vigência de um ano. A participação dos alunos nas pesquisas começou mês passado e prossegue até novembro de 2011.
Confira a relação dos alunos bolsistas:
• Adail Alves Saraiva Junior (Edificações)
• Amanda Lúcia André Sobral (Turismo)
• Fiama Emanuela de Sousa Barbosa (Turismo)
• Francisca Ádila Ferreira Pereira (Turismo)
• Francisca Fabrícia Teodoro (Turismo)
• Karla Loiola Maia Amaral (Edificações)
• Priscila da Silva dos Santos (Edificações)
• Sóstenes Saraiva de Sales (Edificações)
• Thamara Kely de Sousa Fernandes (Edificações)
As bolsas foram concedidas na categoria Iniciação Científica Júnior, com o objetivo de despertar nos estudantes o interesse por desenvolver atividades de pesquisa e extensão na área de ciência.
Foram contemplados quatro projetos, dos cursos de Edificações e Guia de Turismo. Na primeira área, o projeto “Concreto com adição de resíduo de borracha de pneu para aplicações expostas ao ambiente, resistentes a variações térmicas elevadas” recebeu três bolsas. A orientação é do professor Francisco Alves da Silva Júnior.
Também para o curso de Edificações, foram concedidas duas bolsas, para o projeto “Avaliação e adequação de habitações autoconstruídas no município de Quixadá/CE”. A orientação é da professora Karinna Ugulino.
Já no curso de Guia de Turismo, cada projeto foi contemplado com duas bolsas. “Monitoramento das transformações socioespaciais no centro urbano de Quixadá” tem orientação do professor Alexandre Queiroz Pereira. “Determinação do potencial para a captação de água de chuva na microrregião do Sertão Central cearense” é o tema da pesquisa orientada pelo professor Lucas da Silva.
As bolsas têm vigência de um ano. A participação dos alunos nas pesquisas começou mês passado e prossegue até novembro de 2011.
Confira a relação dos alunos bolsistas:
• Adail Alves Saraiva Junior (Edificações)
• Amanda Lúcia André Sobral (Turismo)
• Fiama Emanuela de Sousa Barbosa (Turismo)
• Francisca Ádila Ferreira Pereira (Turismo)
• Francisca Fabrícia Teodoro (Turismo)
• Karla Loiola Maia Amaral (Edificações)
• Priscila da Silva dos Santos (Edificações)
• Sóstenes Saraiva de Sales (Edificações)
• Thamara Kely de Sousa Fernandes (Edificações)
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Brinquedos da memória: o melhor da infância
Por Daniel Pinto Gomes* aos 27 anos
No primeiro dia a brincadeira: nascido em Fortaleza no dia 31 de dezembro de 1982 fui registrado natural de Sobral nascido em 01 de janeiro de 1983, sobre a confusão dos fatos, passo a lembrar-me de quando morávamos, eu, minha mãe e minha avó no edifício São Pedro, ou no castelo de Grayscow da Rua Ararius na Praia de Iracema. Era assim como chamávamos aquele prédio histórico tombado pelo município. As competições de comilança nas festas de aniversário, as desventuras e maus assombros naquele labirinto vertical, os pregos de elevador, as quedas pelas escadas em pega-pegas malucos, os esconderijos secretos e a literal quebra de vidraças.
Apertando campainha e saindo correndo; vi primos maiores jogando ovo em ônibus, fumando escondido; pregávamos peça sobre o grande Spartacus, puxávamos cabelos uns dos outros e refazíamos amizades. Tive fobia de ficar aprisionado entre porta e parede pelos primos mais velhos; brinquei de gato mia, de teatro e ali ganhei meu primeiro futebol de prego, depois construí vários outros.
Vi eclipse lunar nas escadarias da igreja. Falou-me os antigos de lobisomem, loura do banheiro, vi queimarem o Judas e montarem seu testamento, me apaixonei pelas mulheres mais velhas e tive medo da figura que era o Bobó. No Aterrinho da nossa atual prefeita, quebrei vidro de pipoqueiro desenvolvendo minhas lambanças no futebol, andei de bicicleta, brinquei de corrida de tampinha. Num clima de mistério cavávamos buraco pros outros cair. Dei mergulhos no mar do Espigão, de lá também, com minha mãe assisti uma competição de BodyBoard durante uma noite em que haviam grandes refletores clareando toda a praia.
Por aquelas épocas fui à Quixadá, lá, na “casa” do tio Douglas, eu brinquei com sapo, escutei os grilos, mergulhei em açude, deslizei pelas valas de lama na chuva. Lá me falaram de saci, da caipora, vi o bumba-meu-boi, a Galinha choca, brinquei de esconde-esconde nos currais, vi a brincadeira do pau cagado, conheci Tamarindo e tive medo do Valdo.
Na “casa” da tia Kátia e do tio Ivan, em Sobral, brinquei de bila e andei de bicicleta pela pracinha do quartel, lá também brinquei de Jô atrepa e paquerei com as meninas da minha idade, isso lá pelos doze treze anos. Quando mais pequeno, no chão de terra fizemos o enterro de um pinto, perambulei pelo mercado e fizeram-me medo do “véi” do saco. Também tomei banho no Buraco da “Véa”, na serra da Meruoca.
Viajei para o Crato na carroceria da D-20 do Tio Odécio, a diversão era cuspir pra cima e com certeza nos melamos. Durante a noite a viajem ficou bastante fria, mas o céu extremamente estrelado. Ainda, lembro-me que aprendi a fazer bola de meia vendo o trabalho do Tio Marcus.
Em Fortaleza, fomos morar no Álvaro Wayne quando uns 10 anos, larguei a mamadeira daí conheci outra “rua”, desta vez horizontal, ali brinquei de correr pelos telhados, de guerra de chiploc, de sardinha, de pular macaca, de futebol de botão, de chinela, de bola d’água, de esconde-esconde, de banco imobiliário, de castanha, de vôlei, de cruzamento, de cascudim, de soltar raia e correr atrás delas. Arranquei cabeça do dedo jogando bola na rua, criei peixes, pássaros e soldadinhos; assisti perplexo o assassinato de pássaros cometidos pelo Pito bom de mira na baladera; divulgamos a perna cabeluda, comíamos castanholas e quebrávamos as luzes dos postes.
Já adolescente roubei e colecionei cabeças de pito de ferro, de plástico, de pressão, de Scania e de tirar válvulas; também colecionei latas, num instante em que se exauria uma espécie de cultura de consumo. Mas, tomei muito banho de bica na chuva e desmontei e montei bicicleta várias vezes; não mexia somente em catraca. Fui aos jogos do Fortaleza, pulei na TUF; criávamos QG em casas abandonadas, brincávamos de gangue e saíamos pra pichar muro.
Enfim, relembrar esses momentos divertidos da infância é fazer uma espécie de passeio ao passado, que nos traz elementos de questionamento sobre o presente e o futuro de nossa vida. Estes trechos de memórias lúdicas permitem ainda algumas reflexões sobre os jogos infantis e a cultura lúdica, assim, poderia, para isto, atermo-nos sobre o impacto do avanço da tecnologia, sobre o processo de mudança das rotinas ocasionado pela violência, pelo trabalho, pelo acelerado processo de urbanização e pela massificada comercialização que provisoriamente assolam o tempo e espaço de lazer na contemporaneidade.
*Graduado em Educação Física (UECE), Especializando em Cultura folclórica aplicada (IFCE) e mestrando em Educação brasileira (UFC). Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE - Campi Quixadá) atuando nas seguintes áreas: Lazer, Cultura e Educação Física. danielpintogomes@hotmail.com
No primeiro dia a brincadeira: nascido em Fortaleza no dia 31 de dezembro de 1982 fui registrado natural de Sobral nascido em 01 de janeiro de 1983, sobre a confusão dos fatos, passo a lembrar-me de quando morávamos, eu, minha mãe e minha avó no edifício São Pedro, ou no castelo de Grayscow da Rua Ararius na Praia de Iracema. Era assim como chamávamos aquele prédio histórico tombado pelo município. As competições de comilança nas festas de aniversário, as desventuras e maus assombros naquele labirinto vertical, os pregos de elevador, as quedas pelas escadas em pega-pegas malucos, os esconderijos secretos e a literal quebra de vidraças.
Apertando campainha e saindo correndo; vi primos maiores jogando ovo em ônibus, fumando escondido; pregávamos peça sobre o grande Spartacus, puxávamos cabelos uns dos outros e refazíamos amizades. Tive fobia de ficar aprisionado entre porta e parede pelos primos mais velhos; brinquei de gato mia, de teatro e ali ganhei meu primeiro futebol de prego, depois construí vários outros.
Vi eclipse lunar nas escadarias da igreja. Falou-me os antigos de lobisomem, loura do banheiro, vi queimarem o Judas e montarem seu testamento, me apaixonei pelas mulheres mais velhas e tive medo da figura que era o Bobó. No Aterrinho da nossa atual prefeita, quebrei vidro de pipoqueiro desenvolvendo minhas lambanças no futebol, andei de bicicleta, brinquei de corrida de tampinha. Num clima de mistério cavávamos buraco pros outros cair. Dei mergulhos no mar do Espigão, de lá também, com minha mãe assisti uma competição de BodyBoard durante uma noite em que haviam grandes refletores clareando toda a praia.
Por aquelas épocas fui à Quixadá, lá, na “casa” do tio Douglas, eu brinquei com sapo, escutei os grilos, mergulhei em açude, deslizei pelas valas de lama na chuva. Lá me falaram de saci, da caipora, vi o bumba-meu-boi, a Galinha choca, brinquei de esconde-esconde nos currais, vi a brincadeira do pau cagado, conheci Tamarindo e tive medo do Valdo.
Na “casa” da tia Kátia e do tio Ivan, em Sobral, brinquei de bila e andei de bicicleta pela pracinha do quartel, lá também brinquei de Jô atrepa e paquerei com as meninas da minha idade, isso lá pelos doze treze anos. Quando mais pequeno, no chão de terra fizemos o enterro de um pinto, perambulei pelo mercado e fizeram-me medo do “véi” do saco. Também tomei banho no Buraco da “Véa”, na serra da Meruoca.
Viajei para o Crato na carroceria da D-20 do Tio Odécio, a diversão era cuspir pra cima e com certeza nos melamos. Durante a noite a viajem ficou bastante fria, mas o céu extremamente estrelado. Ainda, lembro-me que aprendi a fazer bola de meia vendo o trabalho do Tio Marcus.
Em Fortaleza, fomos morar no Álvaro Wayne quando uns 10 anos, larguei a mamadeira daí conheci outra “rua”, desta vez horizontal, ali brinquei de correr pelos telhados, de guerra de chiploc, de sardinha, de pular macaca, de futebol de botão, de chinela, de bola d’água, de esconde-esconde, de banco imobiliário, de castanha, de vôlei, de cruzamento, de cascudim, de soltar raia e correr atrás delas. Arranquei cabeça do dedo jogando bola na rua, criei peixes, pássaros e soldadinhos; assisti perplexo o assassinato de pássaros cometidos pelo Pito bom de mira na baladera; divulgamos a perna cabeluda, comíamos castanholas e quebrávamos as luzes dos postes.
Já adolescente roubei e colecionei cabeças de pito de ferro, de plástico, de pressão, de Scania e de tirar válvulas; também colecionei latas, num instante em que se exauria uma espécie de cultura de consumo. Mas, tomei muito banho de bica na chuva e desmontei e montei bicicleta várias vezes; não mexia somente em catraca. Fui aos jogos do Fortaleza, pulei na TUF; criávamos QG em casas abandonadas, brincávamos de gangue e saíamos pra pichar muro.
Enfim, relembrar esses momentos divertidos da infância é fazer uma espécie de passeio ao passado, que nos traz elementos de questionamento sobre o presente e o futuro de nossa vida. Estes trechos de memórias lúdicas permitem ainda algumas reflexões sobre os jogos infantis e a cultura lúdica, assim, poderia, para isto, atermo-nos sobre o impacto do avanço da tecnologia, sobre o processo de mudança das rotinas ocasionado pela violência, pelo trabalho, pelo acelerado processo de urbanização e pela massificada comercialização que provisoriamente assolam o tempo e espaço de lazer na contemporaneidade.
*Graduado em Educação Física (UECE), Especializando em Cultura folclórica aplicada (IFCE) e mestrando em Educação brasileira (UFC). Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE - Campi Quixadá) atuando nas seguintes áreas: Lazer, Cultura e Educação Física. danielpintogomes@hotmail.com
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Bibliotecas Virtuais - Acesso Gratuito
Nosso blog, em sua coluna conecte-se, apresenta novos links que dão acesso a bibliotecas virtuais: Domínio Público, Virtual Books, Kata Livros, Cultural Brasil e Estudantes. São disponibilizados, gratuitamente, milhares de títulos nacionais e internacionais. Aproveite sem contra-indicações essa oportunidade, pois como dizia Mario Quintana: “os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem”.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Manifestações no/do Lazer
Por Daniel Pinto
Talvez fosse ora para abrir sobre algo infame, mas é vez de abrir para o sonho, o lírico, no estado real de efetivação das coisas. Falar de lazer é trazer a lembrança o dia que é hoje, em que também fazemos e acontecemos através do brincar, do se divertir.
O lazer, uma “mercadoria” que vem sendo mal empregada e comercializada no Séc. XXI, é pura revolução do pensar, é ora livre das obrigações, contrapartida a cultura do trabalho, donde deveriam surgir as idéias mais bem quistas a emancipação humana. Mas é com o lazer tido como mercadoria que temos hegemonizado sua prática e matado todos os motivos locais.
Averigüemos a concepção que tem ganhado os esportes no Brasil a partir da referência tomada pelos megaeventos (COPA E OLIMPÍADA) que acontecerão no país. Neste mote, além de construir com dinheiro público um espaço de lazer para a minoria da população, deixaremos de herança os grandes elefantes para que “uns Corinthians” das organizações privadas faça seus lucros. Além disso, alienando o lazer em via única de esportivização, que só é mesmo lazer para os que assistem, pois para os que jogam é trabalho, é lesão, é doping, é sobre-humano, é homem máquina, se é que assim podemos ser; esquecemos de nossas tradições, como o pega-pega, o esconde-esconde, os folguedos, as danças, o cinema, o teatro, a leitura, a arte literária, a música, dentre tantas outras manifestações do lazer.
O real é que por esta comercialização deveríamos passar a meros espectadores-consumidores, nos eximindo da própria práxis; e assim seríamos os representativos aficionados telespectadores “globais” e não os jogadores, a platéia e não os artistas; somos a massa confundida com o poder de acesso aos bens comercializados, confundidos entre o ser e o ter, somos tidos como “aqueles que tem” e por isso “podem”, esquecendo-se totalmente do princípio revolucionário do lazer. O ser humano somente se faz na prática independentemente do dinheiro que possui. Mas, vejamos o lazer da criança, um alvo fácil da televisão e da indústria que a cada dia renova o lúdico na imposição de uma cultura descartável. A elas cabe apenas gerenciar seu engajamento através da compra das cartinhas, dos bonecos e das leituras dos filmes mais comentados.
De certo que, tudo isso requer do ser humano uma releitura, não estamos somente a mercê do tempo somos o próprio tempo, não somos uma mera tabula rasa em que depositam as substâncias, tudo aquilo que fazemos durante nosso lazer é o que gostamos de fazer e o que idealizamos enquanto práxis. Daí atentarmos para a o pensamento crítico também na ora do consumo do lazer, pois somos os produtores do lazer nessa ora.
Queremos que se diga que nossos campos suburbanos são tomados para a construção de Ap’s, as verbas públicas ao invés de destinar-se a construção de espaços para a prática social da maioria da população tomam o rumo dos cofres dos clubes esportivos, que somente sobrevivem na especulação do mercado de atletas.
Para virar todo esse jogo é preciso driblar o “poder público” que investe no privado e individualiza todo nosso projeto de partida, devemos tomar como norte o ideal de investirmos na emancipação humana das comunidades. Urbanizando os arredores dos lagos, açudes, rios e praias, construindo praças públicas amplamente arborizadas, incentivando a leitura, democratizando o acesso aos livros, garantindo acesso e produção de cinema, apoiando as manifestações artísticas das classes populares e principalmente elevando o espírito crítico das pessoas no que diz respeito ao seu direito de lazer, que é também luta pela redução da jornada de trabalho e ainda pensamento e práxis reflexivas na arte de viver em sociedade.
Talvez fosse ora para abrir sobre algo infame, mas é vez de abrir para o sonho, o lírico, no estado real de efetivação das coisas. Falar de lazer é trazer a lembrança o dia que é hoje, em que também fazemos e acontecemos através do brincar, do se divertir.
O lazer, uma “mercadoria” que vem sendo mal empregada e comercializada no Séc. XXI, é pura revolução do pensar, é ora livre das obrigações, contrapartida a cultura do trabalho, donde deveriam surgir as idéias mais bem quistas a emancipação humana. Mas é com o lazer tido como mercadoria que temos hegemonizado sua prática e matado todos os motivos locais.
Averigüemos a concepção que tem ganhado os esportes no Brasil a partir da referência tomada pelos megaeventos (COPA E OLIMPÍADA) que acontecerão no país. Neste mote, além de construir com dinheiro público um espaço de lazer para a minoria da população, deixaremos de herança os grandes elefantes para que “uns Corinthians” das organizações privadas faça seus lucros. Além disso, alienando o lazer em via única de esportivização, que só é mesmo lazer para os que assistem, pois para os que jogam é trabalho, é lesão, é doping, é sobre-humano, é homem máquina, se é que assim podemos ser; esquecemos de nossas tradições, como o pega-pega, o esconde-esconde, os folguedos, as danças, o cinema, o teatro, a leitura, a arte literária, a música, dentre tantas outras manifestações do lazer.
O real é que por esta comercialização deveríamos passar a meros espectadores-consumidores, nos eximindo da própria práxis; e assim seríamos os representativos aficionados telespectadores “globais” e não os jogadores, a platéia e não os artistas; somos a massa confundida com o poder de acesso aos bens comercializados, confundidos entre o ser e o ter, somos tidos como “aqueles que tem” e por isso “podem”, esquecendo-se totalmente do princípio revolucionário do lazer. O ser humano somente se faz na prática independentemente do dinheiro que possui. Mas, vejamos o lazer da criança, um alvo fácil da televisão e da indústria que a cada dia renova o lúdico na imposição de uma cultura descartável. A elas cabe apenas gerenciar seu engajamento através da compra das cartinhas, dos bonecos e das leituras dos filmes mais comentados.
De certo que, tudo isso requer do ser humano uma releitura, não estamos somente a mercê do tempo somos o próprio tempo, não somos uma mera tabula rasa em que depositam as substâncias, tudo aquilo que fazemos durante nosso lazer é o que gostamos de fazer e o que idealizamos enquanto práxis. Daí atentarmos para a o pensamento crítico também na ora do consumo do lazer, pois somos os produtores do lazer nessa ora.
Queremos que se diga que nossos campos suburbanos são tomados para a construção de Ap’s, as verbas públicas ao invés de destinar-se a construção de espaços para a prática social da maioria da população tomam o rumo dos cofres dos clubes esportivos, que somente sobrevivem na especulação do mercado de atletas.
Para virar todo esse jogo é preciso driblar o “poder público” que investe no privado e individualiza todo nosso projeto de partida, devemos tomar como norte o ideal de investirmos na emancipação humana das comunidades. Urbanizando os arredores dos lagos, açudes, rios e praias, construindo praças públicas amplamente arborizadas, incentivando a leitura, democratizando o acesso aos livros, garantindo acesso e produção de cinema, apoiando as manifestações artísticas das classes populares e principalmente elevando o espírito crítico das pessoas no que diz respeito ao seu direito de lazer, que é também luta pela redução da jornada de trabalho e ainda pensamento e práxis reflexivas na arte de viver em sociedade.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Breve trajetória da política federal de preservação do patrimônio cultural no Brasil
Por Aterlane Martins
Historiador, especialista em Patrimônio Cultural pelo Programa de Especialização em Patrimônio – PEP Iphan/Unesco. É professor do curso Técnico em Guia de Turismo, IFCE-Quixadá, atuando nas disciplinas de Patrimônio e Cidadania, História da Arte e Manifestações da Cultura Popular.
Quando no final dos anos 1930 Mário de Andrade redigiu, a pedido de Rodrigo Melo Franco de Andrade, o Anteprojeto para o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, a noção de patrimônio ali esboçada apresentava-se já bastante abrangente, pois continha em seu texto desde os bens edificados até as manifestações da “cultura do povo”. Contudo, sabe-se que naquele momento, por diversas contingências, optou-se por uma ação preservacionista que primou pelo dito patrimônio de “pedra e cal”, restringindo-se a proteção legal através do instrumento jurídico do Tombamento, instituído pelo Decreto-lei 25/37.
Posteriormente nos anos 1960, em consonância com as idéias difundidas pela Unesco em âmbito internacional, surge o Centro Nacional de Referências Culturais – CNRC, desenvolvendo trabalhos que buscavam o (re)conhecimento das manifestações culturais representativas da tradição popular. Alçado por um grupo de intelectuais liderados por Aloísio Magalhães, que posteriormente viria a substituir Rodrigo de Melo Franco de Andrade na presidência do Iphan (1979-1982), verificou-se, naquele momento, um avanço significativo através das ações de identificação, registro e promoção do patrimônio cultural brasileiro através dos inventários e projetos realizados. Porém, persistia a barreira legal em face da aplicação restrita do Tombamento, de uso inadequado aos bens culturais “não consagrados”; hoje, ditos imateriais.
Apenas na década de 1980, com a retomada da democracia e promulgação da nova Carta Magna do país é que se tem o reconhecimento legal do patrimônio cultural em sua amplitude. O texto constitucional, no artigo 216, assim define: “Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”.
Levaria ainda uma década para que efetivamente a política federal de preservação do patrimônio cultural brasileiro viesse a instituir, a partir do Decreto 3551/2000, o estatuto jurídico do Registro aplicado aos bens culturais de natureza imaterial, assim definidos pela Convenção para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial: “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”. (Unesco, 1997)
Atualmente a compreensão integral do patrimônio cultural parece ter alcançado os estatutos legais de proteção, haja vista os recentes entendimentos que têm apontado para o uso conjunto do Tombamento e do Registro nas ações de preservação. Outras iniciativas vêm sendo apresentadas, exemplo mais recente é a Portaria 217/2009 do Iphan que cria a chancela da Paisagem Cultural Brasileira, estatuto a ser atribuído à “uma porção peculiar do território nacional, representativa do processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores”.
Com esta tríade de instrumentos legais, e todos os seus desdobramentos, busca-se uma proteção irrestrita do nosso patrimônio cultural, primando, sobretudo pela cooperação entre a sociedade e o Estado na gestão dos bens culturais. E de longe ouve-se ressoar as palavras de Mário de Andrade, cujos ensinamentos diziam: “A melhor guardiã do patrimônio é a comunidade”.
Historiador, especialista em Patrimônio Cultural pelo Programa de Especialização em Patrimônio – PEP Iphan/Unesco. É professor do curso Técnico em Guia de Turismo, IFCE-Quixadá, atuando nas disciplinas de Patrimônio e Cidadania, História da Arte e Manifestações da Cultura Popular.
Quando no final dos anos 1930 Mário de Andrade redigiu, a pedido de Rodrigo Melo Franco de Andrade, o Anteprojeto para o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, a noção de patrimônio ali esboçada apresentava-se já bastante abrangente, pois continha em seu texto desde os bens edificados até as manifestações da “cultura do povo”. Contudo, sabe-se que naquele momento, por diversas contingências, optou-se por uma ação preservacionista que primou pelo dito patrimônio de “pedra e cal”, restringindo-se a proteção legal através do instrumento jurídico do Tombamento, instituído pelo Decreto-lei 25/37.
Posteriormente nos anos 1960, em consonância com as idéias difundidas pela Unesco em âmbito internacional, surge o Centro Nacional de Referências Culturais – CNRC, desenvolvendo trabalhos que buscavam o (re)conhecimento das manifestações culturais representativas da tradição popular. Alçado por um grupo de intelectuais liderados por Aloísio Magalhães, que posteriormente viria a substituir Rodrigo de Melo Franco de Andrade na presidência do Iphan (1979-1982), verificou-se, naquele momento, um avanço significativo através das ações de identificação, registro e promoção do patrimônio cultural brasileiro através dos inventários e projetos realizados. Porém, persistia a barreira legal em face da aplicação restrita do Tombamento, de uso inadequado aos bens culturais “não consagrados”; hoje, ditos imateriais.
Apenas na década de 1980, com a retomada da democracia e promulgação da nova Carta Magna do país é que se tem o reconhecimento legal do patrimônio cultural em sua amplitude. O texto constitucional, no artigo 216, assim define: “Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”.
Levaria ainda uma década para que efetivamente a política federal de preservação do patrimônio cultural brasileiro viesse a instituir, a partir do Decreto 3551/2000, o estatuto jurídico do Registro aplicado aos bens culturais de natureza imaterial, assim definidos pela Convenção para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial: “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”. (Unesco, 1997)
Atualmente a compreensão integral do patrimônio cultural parece ter alcançado os estatutos legais de proteção, haja vista os recentes entendimentos que têm apontado para o uso conjunto do Tombamento e do Registro nas ações de preservação. Outras iniciativas vêm sendo apresentadas, exemplo mais recente é a Portaria 217/2009 do Iphan que cria a chancela da Paisagem Cultural Brasileira, estatuto a ser atribuído à “uma porção peculiar do território nacional, representativa do processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores”.
Com esta tríade de instrumentos legais, e todos os seus desdobramentos, busca-se uma proteção irrestrita do nosso patrimônio cultural, primando, sobretudo pela cooperação entre a sociedade e o Estado na gestão dos bens culturais. E de longe ouve-se ressoar as palavras de Mário de Andrade, cujos ensinamentos diziam: “A melhor guardiã do patrimônio é a comunidade”.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
A Indissociabilidade do Contexto: O Significado como Fenômeno Social

por Nicolai Dianim
A compreensão da contemporânea consonância dos fenômenos literários com outras espécies de mídia passa, obrigatoriamente, pelo enquadramento da literatura como um produto sócio-histórico-cultural.
De acordo com Schmidt (1990), a estética da recepção comprovou que os textos não são dotados de significação própria, singular, que é repassada aos leitores. Encará-los dessa maneira implicaria em reduzir ao extremo uma complexa relação formada por autor-texto-leitor, sem mencionar as infinitas variações contextuais em que essa tricotomia pode estar inserida.
Os estudos marxistas, feministas e sócio-históricos em literatura claramente revelaram que os fenômenos literários, desatracados de sua origem e de seu locus em realidades sociais, tornam-se vítimas da arbitrariedade interpretativa. Os fenômenos literários são uma parte da “vida literária”, que, por sua vez, está integrada à vida social como um todo (ibidem, p. 4, tradução nossa).
Um exemplo prático, bastante conhecido entre os estudiosos das ciências humanas, principalmente entre os tradutores, é a narrativa Shakespeare in the Bush (ou “Shakespeare no Mato”, em português), da antropóloga norte-americana Laura Bohannan.
Embora o texto original, escrito em inglês, remonte à decada de 1960, recentemente, em 2008, foi traduzido para o português por Lenita Rimoli Esteves e Francis Henrik Aubert, da Universidade de São Paulo. Além da tradução, os pesquisadores investigaram a história por trás da criação do texto e indagaram alguns dos pressupostos teóricos da autora.
Resumidamente, trata-se de uma incursão de Bohannan por uma tribo da África Ocidental, os Tiv, onde, entre seus estudos de antropologia, deparou-se com a chance de tentar provar a um amigo britânico que o entendimento de Shakespeare é universal à raça humana, isto é, independe das circunstâncias histórico-culturais que fazem parte de uma determinada sociedade.
Vocês americanos – disse um amigo – freqüentemente têm dificuldade com Shakespeare. Afinal de contas, ele era um poeta tipicamente inglês, e é fácil interpretar o universal de forma equivocada por uma falta de entendimento do que é particular. Protestei que a natureza humana é praticamente a mesma em todo o mundo; pelo menos o enredo geral e a motivação das grandes tragédias seriam sempre evidentes – em qualquer lugar (…) Para pôr fim a uma discussão que não conseguíamos concluir, meu amigo me deu um exemplar de Hamlet para que eu o estudasse (…) ele esperava que a leitura elevasse minha mente, distanciando-a de seu ambiente primitivo, e que eu, por meio de prolongada meditação, atingisse a graça da interpretação correta (ESTEVES e AUBERT, 2008, p. 141, grifo nosso).
Nota-se, na fala da pesquisadora, no mínimo, uma certa precipitação, ao afirmar que “a natureza humana é praticamente a mesma em todo o mundo”. É fato que o homem carrega uma carga genética básica que o diferencia de qualquer outro ser vivo, tornando-o, ao menos biologicamente falando, humano. Todavia, esse mesmo homem jamais foi um ser atemporal, anespacial ou insocial. Sendo assim, como Bohannan logo descobriria, o meio exerce, sim, grande influência nas possíveis leituras que se faz de um objeto e que, partindo de tal premissa, nunca se atingiria “a graça da interpetação correta”.
Uma série de barreiras culturais e conceituais interpuseram-se entre a narração da história de Hamlet, pela antropóloga, e sua absorção pelos nativos africanos. Essas barreiras não lhes permitiriam, em tempo algum, ter as mesmas reações da norte-americana (ou da sociedade ocidental como um todo) diante da clássica tragédia de Shakespeare.
Questões que nos parecem óbvias, por exemplo, a indignação do jovem Hamlet diante do precipitado casamento de sua mãe com o cunhado, não são óbvias para a tribo. Para eles, o caminho mais natural seria a viúva se casar com o irmão do falecido, e o mais depressa possível, caso contrário ela não teria quem cuidasse de suas plantações (ibidem, p. 136).
Ao retornar para casa, Bohannan levaria em sua bagagem uma valiosa lição:
Algum dia – concluiu o velho, ajeitando a toga esfarrapada – você precisa nos contar mais histórias da sua terra. Nós, anciãos, vamos instruí-la sobre o verdadeiro significado delas, para que, quando você voltar para sua terra, seus anciãos constatem que você não ficou sentada no meio do mato, mas sim no meio de gente que sabe coisas e que lhe ensinou sabedoria (ibidem, p. 158).
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Interiorização do turismo e identidade regional
Por Eduardo Lúcio Guilherme Amaral
É inegável a condição protagonista da atividade turística no Ceará, consolidando-se como um dos nichos mais dinâmicos da nossa economia há, pelo menos, vinte anos. Passado tanto tempo, a economia do turismo local ainda possui o mesmo pilar fundamental: o sol e a praia, motivações aparentemente inesgotáveis para a manutenção do estado entre os principais destinos turísticos do país. Não há dúvida alguma de que o setor tenha se tornado mais organizado e competitivo, de maneira que nem a “descoberta” de novos filões de mercado, em outras praias tão bonitas e selvagens como as cearenses, foi capaz de abalar a hegemonia do estado nesta modalidade de turismo.
O turismo que se faz no Ceará não compete diretamente, com aquele realizado em Pernambuco e na Bahia, como se tem pensado. Ali, o mercado se alimenta de outros nichos, como o do turismo cultural, aliás divulgado de maneira muito competente pelos órgãos oficiais. Nossos concorrentes mais próximos são os estados vizinhos, mas a imagem das belezas paradisíacas do Ceará tem se imposto com mais vigor na lembrança dos brasileiros. Obviamente, é desejável ampliar a qualidade do nosso produto: não apenas em razão dos melhoramentos materiais em equipamentos de hospedagem, estradas, aeroportos ou restaurantes, mas na diversificação mesmo da oferta turística.
Parece inegável que o Ceará detém muito mais do que aquilo que nosso visitante costumeiramente é levado a experimentar. E, para além das praias, temos uma natureza diversificada, um povo criativo de sólidas tradições culturais e uma herança histórica e artística sem paralelo. Alguns estados brasileiros, como Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul sabem, muito mais do que nós, fazer deste potencial uma vantagem competitiva e, mesmo sem as nossas praias, colocarem-se afirmativamente no mercado turístico. E, olhando para eles, perguntamo-nos: quais as estratégias utilizadas para imporem-se num ramo praticamente desconhecido para nós: o do turismo cultural, ambiental e de aventura?
Partindo do pressuposto de que o turismo é uma indústria de bens simbólicos (e não materiais), cuja mercadoria principal é a da experiência vivenciada, temos que considerar a importância das representações sociais acerca da região. E, neste caso, o grande empecilho para a interiorização do turismo no Ceará é a imagem negativa que se divulga do sertão. Neste caso, visto como lugar por excelência da miséria, da exclusão e do obscurantismo político. Percebam como esta imagem destoa daquela do litoral, que é o espaço do paradisíaco, do conforto e do prazer. Não haverá, assim, grandes perspectivas para a interiorização do turismo se a questão identitária não for devidamente esclarecida e renovada. É preciso, assim, divulgar para o mundo (e para nosso próprio conhecimento) o Ceará profundo, cuja marca maior é o da autenticidade das suas manifestações populares e da riqueza de sua terra.
Não é possível, no que diz respeito à formação de profissionais do turismo, passar ao largo deste problema. Mais do que simplesmente um acontecimento “natural”, os fluxos turísticos se orientam de acordo com as demandas intencionais dos agentes do mercado (formados pelas escolas profissionais) e é possível, neste sentido, despertá-los de seu sono ancestral para este potencial, que ainda jaz esquecido.
É inegável a condição protagonista da atividade turística no Ceará, consolidando-se como um dos nichos mais dinâmicos da nossa economia há, pelo menos, vinte anos. Passado tanto tempo, a economia do turismo local ainda possui o mesmo pilar fundamental: o sol e a praia, motivações aparentemente inesgotáveis para a manutenção do estado entre os principais destinos turísticos do país. Não há dúvida alguma de que o setor tenha se tornado mais organizado e competitivo, de maneira que nem a “descoberta” de novos filões de mercado, em outras praias tão bonitas e selvagens como as cearenses, foi capaz de abalar a hegemonia do estado nesta modalidade de turismo.
O turismo que se faz no Ceará não compete diretamente, com aquele realizado em Pernambuco e na Bahia, como se tem pensado. Ali, o mercado se alimenta de outros nichos, como o do turismo cultural, aliás divulgado de maneira muito competente pelos órgãos oficiais. Nossos concorrentes mais próximos são os estados vizinhos, mas a imagem das belezas paradisíacas do Ceará tem se imposto com mais vigor na lembrança dos brasileiros. Obviamente, é desejável ampliar a qualidade do nosso produto: não apenas em razão dos melhoramentos materiais em equipamentos de hospedagem, estradas, aeroportos ou restaurantes, mas na diversificação mesmo da oferta turística.
Parece inegável que o Ceará detém muito mais do que aquilo que nosso visitante costumeiramente é levado a experimentar. E, para além das praias, temos uma natureza diversificada, um povo criativo de sólidas tradições culturais e uma herança histórica e artística sem paralelo. Alguns estados brasileiros, como Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul sabem, muito mais do que nós, fazer deste potencial uma vantagem competitiva e, mesmo sem as nossas praias, colocarem-se afirmativamente no mercado turístico. E, olhando para eles, perguntamo-nos: quais as estratégias utilizadas para imporem-se num ramo praticamente desconhecido para nós: o do turismo cultural, ambiental e de aventura?
Partindo do pressuposto de que o turismo é uma indústria de bens simbólicos (e não materiais), cuja mercadoria principal é a da experiência vivenciada, temos que considerar a importância das representações sociais acerca da região. E, neste caso, o grande empecilho para a interiorização do turismo no Ceará é a imagem negativa que se divulga do sertão. Neste caso, visto como lugar por excelência da miséria, da exclusão e do obscurantismo político. Percebam como esta imagem destoa daquela do litoral, que é o espaço do paradisíaco, do conforto e do prazer. Não haverá, assim, grandes perspectivas para a interiorização do turismo se a questão identitária não for devidamente esclarecida e renovada. É preciso, assim, divulgar para o mundo (e para nosso próprio conhecimento) o Ceará profundo, cuja marca maior é o da autenticidade das suas manifestações populares e da riqueza de sua terra.
Não é possível, no que diz respeito à formação de profissionais do turismo, passar ao largo deste problema. Mais do que simplesmente um acontecimento “natural”, os fluxos turísticos se orientam de acordo com as demandas intencionais dos agentes do mercado (formados pelas escolas profissionais) e é possível, neste sentido, despertá-los de seu sono ancestral para este potencial, que ainda jaz esquecido.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
ESTIMATIVA DO POTENCIAL PARA CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA EM QUIXADÁ, CE

Por Lucas da Silva
A escassez de água potável tem se constituído num dos maiores problemas sociais do mundo atual, isso porque a população tem crescido numa proporção muito maior, que os mananciais hídricos do Planeta. Em muitas regiões, a falta de água está gerando a necessidade de se transpor água de lugares cada vez mais distantes, para garantir o abastecimento humano dos grandes centros urbanos e o desenvolvimento de atividades produtivas. Para a alcançar os resultados, utilizou-se uma série pluvial com quarenta e três anos (1965-2008), da localidade de Quixadá, CE. Os dados pluviais mensais e anuais foram analisados estatisticamente, sendo calculados as médias aritméticas, as medianas e os desvios padrão da média. As frequências dos dados anuais foram estimadas pela probabilidade empírica aos níveis de 25, 50 e 75% que acrescidos aos valores médio, máximo e mínimo formaram, para efeito deste estudo, seis “cenários”. Os principais resultados mostraram a existência de elevadas oscilações em relação à média esperada. As medianas mensais foram sempre menores que às médias e, portanto, o modelo de distribuição pluvial tem assimétrica positiva. A estação chuvosa dura cerca de três a quatro meses (de fevereiro a maio), a média da dispersão mensal, em relação às médias esperadas, foi de 77,6% e a anual de 38,0%. Admitindo-se o valor médio de anual de chuva, para as condições de Quixadá, o menor volume potencial de captação foi 24.150 litros (área de cobertura de 40 m2) e o maior de 60.375 litros, para as habitações com superfície de cobertura de 100 m2. Conclui-se que somente a partir de um estudo estatístico detalhado do regime pluvial, para cada local, será possível estabelecer, com elevada precisão, o potencial de captação de água de chuva.
terça-feira, 6 de julho de 2010
Viagens Turísticas perpassadas pelos valores da sustentabilidade
Profa. Débora Garcia
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
Campus Quixadá - Curso Técnico em Guiamento
Universidade Aberta do Brasil - UAB - DEaD
Representado pelos grands tours as viagens turísticas nas sociedades pré-industriais tinham um significado de desbravamento, contemplação e foco na experiência em si, porem vislumbramos hoje uma tendência da “indústria sem chaminés” uma massificadora das experiências das viagens.
Contextualizando, temos que a sociedade contemporânea freqüentemente mostra-se de maneira hedonista e voltada para o consumo. Através dos pacotes turísticos as atividades ocasionalmente são propulsoras de grandes espetáculos, vazias de significado, utilitarista e a favor da lógica econômica do consumo segmentado.
Em meio a uma sociedade que busca incessantemente o prazer em ciclo vicioso de imediatez e efemeridade, percebe-se que a viagem turística quando permeada pelos valores de sustentabilidade, propicia experiências de verdadeiros sentidos para o sujeito viajante, satisfação plena, logo que o sujeito torna-se protagonista da sua viagem. Atos próximos a valores criativos, autônomos, percebidos de sensações gratificantes, prazerosos, lúdicos e embasados no autoconhecimento.
Logo que, no contexto de um mercado das viagens a motivação que estrutura o turismo é direcionada pelas teorias da administração clássica, cabendo um despertar desta analise a partir de uma profunda reavaliação do segmento por abordagens epistemológicas e filosóficas. Propiciando um tempo de encontro consigo mesmo, liberto do tempo do trabalho, o homem deve sair nas viagens em busca de um tempo repleto de sentido próprio, para tanto este homem obrigatoriamente precisa ser o protagonista desta experiência.
Portanto, além de perpetuar o aprofundamento nos estudos do turismo a partir de paradigmas humanistas, necessitamos estender a idéia da sustentabilidade para o trade, comunidade, iniciativa publica e para o sujeito da viagem, o turista.
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
Campus Quixadá - Curso Técnico em Guiamento
Universidade Aberta do Brasil - UAB - DEaD
Representado pelos grands tours as viagens turísticas nas sociedades pré-industriais tinham um significado de desbravamento, contemplação e foco na experiência em si, porem vislumbramos hoje uma tendência da “indústria sem chaminés” uma massificadora das experiências das viagens.
Contextualizando, temos que a sociedade contemporânea freqüentemente mostra-se de maneira hedonista e voltada para o consumo. Através dos pacotes turísticos as atividades ocasionalmente são propulsoras de grandes espetáculos, vazias de significado, utilitarista e a favor da lógica econômica do consumo segmentado.
Em meio a uma sociedade que busca incessantemente o prazer em ciclo vicioso de imediatez e efemeridade, percebe-se que a viagem turística quando permeada pelos valores de sustentabilidade, propicia experiências de verdadeiros sentidos para o sujeito viajante, satisfação plena, logo que o sujeito torna-se protagonista da sua viagem. Atos próximos a valores criativos, autônomos, percebidos de sensações gratificantes, prazerosos, lúdicos e embasados no autoconhecimento.
Logo que, no contexto de um mercado das viagens a motivação que estrutura o turismo é direcionada pelas teorias da administração clássica, cabendo um despertar desta analise a partir de uma profunda reavaliação do segmento por abordagens epistemológicas e filosóficas. Propiciando um tempo de encontro consigo mesmo, liberto do tempo do trabalho, o homem deve sair nas viagens em busca de um tempo repleto de sentido próprio, para tanto este homem obrigatoriamente precisa ser o protagonista desta experiência.
Portanto, além de perpetuar o aprofundamento nos estudos do turismo a partir de paradigmas humanistas, necessitamos estender a idéia da sustentabilidade para o trade, comunidade, iniciativa publica e para o sujeito da viagem, o turista.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Reflexões sobre a Aquisição da Linguagem e sua Importância
Por Nicolai H. Dianim
Embora determinadas ramificações das ciências linguísticas, como a neurolinguística, ainda tenham um longo a caminho a percorrer, os primeiros passos têm sido dados, especialmente no que diz respeito ao processo de aquisição da linguagem. Há, hoje, entre os estudiosos, um certo consenso de que a espécie humana, diferentemente de outras espécies animais, parece geneticamente programada para falar, e que esse processo parece seguir estágios bem organizados e progressivamente mais complexos, do balbuciar até a formação de pequenas frases.
Neste ponto, é de fundamental importância diferenciar língua e linguagem. Linguagem pode ser definida como faculdade de expressão e comunicação, através de signos convencionados – ou seja, pode ser visual, gestual, até mesmo tátil. A língua, por sua vez, é uma possível manifestação da linguagem, por meio de signos vocais ou escritos comuns a um povo, a uma cultura.
Caso não haja nenhum obstáculo ao desenvolvimento, nos primeiros anos de vida a criança terá condições de dominar plenamente a linguagem expressa no ato da fala. Mas falar para quê? Para quem? Por que falamos? Bakhtin (1987) defende a noção de inter-ação. Para ele, o sujeito que fala pratica ações que não conseguiria realizar a não ser falando; com ela, o falante age sobre o ouvinte, constituindo compromissos e vínculos que não pré-existiam à fala.
Nesse sentido, o ato comunicativo deixa de ser visto apenas como transmissor de mensagens vazias e ritualizadas, segundo o estruturalismo de Jakobson (1970), e ganha status de instrumento de interação social, a partir do qual se torna possível a construção do conhecimento. Nas escolas, essa nova visão é essencial na redefinição dos papéis de professor e aluno, sobretudo na renovação do ensino de língua materna: estudar a norma culta sim, mas sem perder de vista o respeito aos falares coloquiais. Não há espaço em nossa sociedade para a perpetuação de mais um tipo de preconceito.
Referências:
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 2. ed. São Paulo : Hucitec / Petrópolis : Vozes, 1987.
JAKOBSON, Roman. Lingüística; poética; cinema. São Paulo: Perspectiva, 1970.
Embora determinadas ramificações das ciências linguísticas, como a neurolinguística, ainda tenham um longo a caminho a percorrer, os primeiros passos têm sido dados, especialmente no que diz respeito ao processo de aquisição da linguagem. Há, hoje, entre os estudiosos, um certo consenso de que a espécie humana, diferentemente de outras espécies animais, parece geneticamente programada para falar, e que esse processo parece seguir estágios bem organizados e progressivamente mais complexos, do balbuciar até a formação de pequenas frases.
Neste ponto, é de fundamental importância diferenciar língua e linguagem. Linguagem pode ser definida como faculdade de expressão e comunicação, através de signos convencionados – ou seja, pode ser visual, gestual, até mesmo tátil. A língua, por sua vez, é uma possível manifestação da linguagem, por meio de signos vocais ou escritos comuns a um povo, a uma cultura.
Caso não haja nenhum obstáculo ao desenvolvimento, nos primeiros anos de vida a criança terá condições de dominar plenamente a linguagem expressa no ato da fala. Mas falar para quê? Para quem? Por que falamos? Bakhtin (1987) defende a noção de inter-ação. Para ele, o sujeito que fala pratica ações que não conseguiria realizar a não ser falando; com ela, o falante age sobre o ouvinte, constituindo compromissos e vínculos que não pré-existiam à fala.
Nesse sentido, o ato comunicativo deixa de ser visto apenas como transmissor de mensagens vazias e ritualizadas, segundo o estruturalismo de Jakobson (1970), e ganha status de instrumento de interação social, a partir do qual se torna possível a construção do conhecimento. Nas escolas, essa nova visão é essencial na redefinição dos papéis de professor e aluno, sobretudo na renovação do ensino de língua materna: estudar a norma culta sim, mas sem perder de vista o respeito aos falares coloquiais. Não há espaço em nossa sociedade para a perpetuação de mais um tipo de preconceito.
Referências:
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 2. ed. São Paulo : Hucitec / Petrópolis : Vozes, 1987.
JAKOBSON, Roman. Lingüística; poética; cinema. São Paulo: Perspectiva, 1970.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Campus Quixadá realiza II Ecotrilhas
No dia 31 de maio os alunos do quarto semestre do curso de Guia de turismo, sob a coordenação dos professores Alexandre Queiroz, Francisca Góis e Lucas da Silva, realizaram o II Ecotrilhas: caminhos de Quixadá. Desta vez os convidados foram 45 alunos do 2° ano B e C da Escola Estadual de Educação Profissional de Quixadá (antigo Liceu).
O Projeto de extensão consiste na realização de trilhas interpretativas, direcionadas aos alunos do ensino básico e técnico do município de Quixadá, os quais terão a oportunidade de estabelecer um contato saudável e educativo com o ambiente natural e urbano visitado. A abordagem pedagógica tem caráter multi e interdisciplinares, procurando contribuir para o desenvolvimento de uma consciência sobre a importância turística, cultural, educativa e sócio-econômica dessa atividade.
Promove-se também a criação de novas destinações urbanas e ecoturísticas, que permitem um desenvolvimento econômico e sustentável, compatível com a preservação ambiental. Desta forma, nossos alunos (futuros Guias de Turismo) praticam e aprimoraram seus conhecimentos técnicos.
Confira nas fotos, as atividades...!
sábado, 29 de maio de 2010
NOSSAS PESQUISAS - BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO DA MICROBACIA DE DERNAGEM DO AÇUDE PEDRAS BRANCAS
O professor Lucas da Silva (Geógrafo) elaborou recentemente texto que efetuou a contabilidade hídrica (entrada-saída de água) na bacia de drenagem do açude Pedras Brancas, localizada no município de Quixadá, CE. A partir de uma série histórica mensal e anual de precipitação pluvial, correspondente ao período: 1965-2008 analisou-se estatisticamente, mediante cálculos de médias aritméticas, medianas, desvio padrão. De posse desses dados efetuaram-se os balanços hídricos climatológico, adotando-se a metodologia preconizada por THORNTHWAITE & MATHER (1955), que considera a chuva e a evapotranspiração potencial (ETo) como as únicas fontes de suprimento e demanda de água. A ETo foi estimada pelo método de THORNTHWAITE (1948) e o balanço hídrico a partir do software desenvolvido por ALMEIDA (1998). Os principais resultados mostraram que existe uma elevada irregularidade na distribuição mensal e anual da precipitação pluvial na bacia de drenagem do açude Pedras Brancas. O balanço hídrico climatológico permite estimar e monitorar mensalmente as deficiências e os excedentes hídricos, auxiliando assim noo uso e manejo adequado na área da bacia de drenagem do açude Pedras Brancas.
O trabalho foi apresentado em Encontro Regional especializado na temática!
O trabalho foi apresentado em Encontro Regional especializado na temática!
sexta-feira, 28 de maio de 2010
As Novas Vestes da Ditadura
Por Nicolai Dianim Brion
Antes de proceder à leitura do texto do professor Gilvan Müller de Oliveira (2000), não imaginava a dimensão do processo de gloticídio que tem sido parte da história deste país. Como cidadão brasileiro, posso afirmar que conheço os principais fatos ocorridos de 1500 até os presentes dias do século XXI. Entretanto, detalhes dos bastidores políticos que autorizaram, e de fato executaram, o extermínio da língua e da cultura – sem falar dos cidadãos – indígenas e estrangeiros, não nos foram ensinados nas escolas e universidades. Falhamos ambas as vezes: ao realizar e ao camuflar.
Refletindo sobre tudo aquilo que o autor traz ao nosso pensar, infelizmente percebo preocupantes semelhanças em outros campos culturais, alguns deles mais diretamente ligados à linguística, outros nem tanto. Analisemos dois deles.
Ao vasculhar a internet por notícias, como faço costumeiramente, deparei-me com a seguinte, na coluna Digital, do jornal O Globo, “Projeto de lei pretende proibir videogames ofensivos no país”. No corpo do texto, aprendemos que o excelentíssimo senador Valdir Raupp de Matos (PMDB/RO) deseja aprovar lei que qualifica como crime a importação, fabricação, distribuição e comercialização de jogos violentos ou, segundo ele, jogos “ofensivos aos costumes ou às tradições dos povos”.
Minha maior curiosidade é saber quando os deputados e senadores, ilustres membros que elegemos para nos representar, vão deixar de fazê-lo de maneira tão ineficiente. Estúpida até, eu diria. Um quer proibir o improibível (Aldo Rebelo, deputado federal pelo PC do B/SP, com sua lei antiestrangeirismos), agora outro quer que o Estado desempenhe o papel educativo que deveria caber aos pais e mães deste país.
Às vezes tenho a sensação de que querem controlar tudo, unificar tudo. Senhores legisladores, é hora de acordar. Jogar ou não jogar um jogo violento é uma escolha pessoal de cada um. Até onde eu sei, matar uma dúzia de alienígenas ou guerrilheiros num dispositivo que simula uma realidade completamente alternativa não constitui crime algum. Ou pelo menos não constituía, na época em que eu cresci jogando games.
Os jogos eletrônicos, em sua maioria, já saem de fábrica com advertências em relação ao conteúdo, se próprio ou impróprio para uma determinada faixa etária. Cabe ao indivíduo, ou aos seus responsáveis, no caso de menor de idade, decidir se aquele determinado game deve ou não ser jogado. Além disso, caso tal proibição se torne realidade, ela nada mais será do que um novo incentivo à pirataria. Lastimável.
Outra semelhança que imediatamente povoou meus pensamentos, durante a leitura do texto de Oliveira (2000), foi o nosso polêmico acordo ortográfico. Quer dizer, nem tão polêmico assim. Se tivesse sido, talvez ainda estivéssemos debatendo a seu respeito, e não decorando suas novas regras. Como na progressiva eliminação de nações e línguas indígenas, guardadas as devidas proporções, poucas vozes ecoaram contra mais um processo de homogeneização de cunho essencialmente político.
A política do Estado brasileiro é deveras surpreendente. Fico aqui pensando, com meus botões, qual será o próximo utilíssimo Projeto de Lei que algum deputado ou senador, em sua ociosidade criativa, irá propor. Já que o país, embora notadamente heterogêneo em termos religiosos, reconheceu em outubro do ano passado o estatuto jurídico da Igreja Católica, em acordo feito com o Vaticano, concedendo, entre outros privilégios, imunidade tributária à Igreja, não seria então a hora de pensarmos num Estado também homogêneo religiosamente? Fica a dica para os nobres parlamentares...
Antes de proceder à leitura do texto do professor Gilvan Müller de Oliveira (2000), não imaginava a dimensão do processo de gloticídio que tem sido parte da história deste país. Como cidadão brasileiro, posso afirmar que conheço os principais fatos ocorridos de 1500 até os presentes dias do século XXI. Entretanto, detalhes dos bastidores políticos que autorizaram, e de fato executaram, o extermínio da língua e da cultura – sem falar dos cidadãos – indígenas e estrangeiros, não nos foram ensinados nas escolas e universidades. Falhamos ambas as vezes: ao realizar e ao camuflar.
Refletindo sobre tudo aquilo que o autor traz ao nosso pensar, infelizmente percebo preocupantes semelhanças em outros campos culturais, alguns deles mais diretamente ligados à linguística, outros nem tanto. Analisemos dois deles.
Ao vasculhar a internet por notícias, como faço costumeiramente, deparei-me com a seguinte, na coluna Digital, do jornal O Globo, “Projeto de lei pretende proibir videogames ofensivos no país”. No corpo do texto, aprendemos que o excelentíssimo senador Valdir Raupp de Matos (PMDB/RO) deseja aprovar lei que qualifica como crime a importação, fabricação, distribuição e comercialização de jogos violentos ou, segundo ele, jogos “ofensivos aos costumes ou às tradições dos povos”.
Minha maior curiosidade é saber quando os deputados e senadores, ilustres membros que elegemos para nos representar, vão deixar de fazê-lo de maneira tão ineficiente. Estúpida até, eu diria. Um quer proibir o improibível (Aldo Rebelo, deputado federal pelo PC do B/SP, com sua lei antiestrangeirismos), agora outro quer que o Estado desempenhe o papel educativo que deveria caber aos pais e mães deste país.
Às vezes tenho a sensação de que querem controlar tudo, unificar tudo. Senhores legisladores, é hora de acordar. Jogar ou não jogar um jogo violento é uma escolha pessoal de cada um. Até onde eu sei, matar uma dúzia de alienígenas ou guerrilheiros num dispositivo que simula uma realidade completamente alternativa não constitui crime algum. Ou pelo menos não constituía, na época em que eu cresci jogando games.
Os jogos eletrônicos, em sua maioria, já saem de fábrica com advertências em relação ao conteúdo, se próprio ou impróprio para uma determinada faixa etária. Cabe ao indivíduo, ou aos seus responsáveis, no caso de menor de idade, decidir se aquele determinado game deve ou não ser jogado. Além disso, caso tal proibição se torne realidade, ela nada mais será do que um novo incentivo à pirataria. Lastimável.
Outra semelhança que imediatamente povoou meus pensamentos, durante a leitura do texto de Oliveira (2000), foi o nosso polêmico acordo ortográfico. Quer dizer, nem tão polêmico assim. Se tivesse sido, talvez ainda estivéssemos debatendo a seu respeito, e não decorando suas novas regras. Como na progressiva eliminação de nações e línguas indígenas, guardadas as devidas proporções, poucas vozes ecoaram contra mais um processo de homogeneização de cunho essencialmente político.
A política do Estado brasileiro é deveras surpreendente. Fico aqui pensando, com meus botões, qual será o próximo utilíssimo Projeto de Lei que algum deputado ou senador, em sua ociosidade criativa, irá propor. Já que o país, embora notadamente heterogêneo em termos religiosos, reconheceu em outubro do ano passado o estatuto jurídico da Igreja Católica, em acordo feito com o Vaticano, concedendo, entre outros privilégios, imunidade tributária à Igreja, não seria então a hora de pensarmos num Estado também homogêneo religiosamente? Fica a dica para os nobres parlamentares...
segunda-feira, 17 de maio de 2010
A Linguística nas Escolas
Por Nicolai H. Dianim Brion
É difícil definir o papel nas escolas de uma ciência cuja origem é relativamente recente, principalmente quando comparada às ciências clássicas, como a matemática ou a filosofia. Quase tudo em linguística ainda tem aquele cheiro de novo, especialmente em alguns campos de estudo a ela associados, como é o caso da sociolinguística, da psicolinguística e da neurolinguística.
As pesquisas mais antigas em algumas dessas áreas datam da década de 1940, ou seja, ainda estamos engatinhando no que diz respeito às amplas possibilidades investigativas que se colocam à nossa frente. Mesmo a linguística de forma tradicional, quer dizer, dissociada de qualquer outra ciência humana ou biológica, tem pouco mais de um século de vida.
Se ainda não há consenso entre os educadores sobre qual deve ser o papel hoje, nas escolas, de uma ciência milenar, como a filosofia, ou ainda, se a filosofia deve ou não ter algum papel nas escolas, o que dizer sobre a linguística?
O estudo da língua portuguesa no Brasil, tradicionalmente, sempre foi muito gramático, muito normativo. Até os dias de hoje sabemos que isso é prática comum. Diversos professores, notavelmente os mais antigos, ainda querem abordar a língua através da gramática normativa. Desejam que seus alunos decorem regras que, aos seus olhos, não fazem nenhum sentido, e que façam centenas de exercícios completamente descontextualizados. E quem pode culpá-los? Não foi assim que eles aprenderam?
Mudanças são com frequência motivo de desconforto, podendo até gerar traumas, se não forem bem planejadas e gradualmente implementadas. O professor “gramaticalista” recusa-se a conhecer novas teorias basicamente por dois motivos: por não dispor de tempo e/ou incentivo para buscar se inteirar das mais novas pesquisas em sua área do saber, ou, simplesmente, por não estar inclinado a alterar sua forma de trabalho, fruto de puro comodismo.
Os professores da nova geração, isto é, aqueles que tiveram oportunidade de estudar linguística mais a fundo ao longo dos quatro ou cinco anos de faculdade, costumam ser mais abertos e veem a necessidade de novas abordagens ao ensino de língua portuguesa nas escolas, segundo uma visão mais analítica e contextual, própria da linguística.
Embora esse seja um grande avanço, confessar a necessidade de mudança não é o bastante. O grande desafio reside em como promover alterações significativas no que está posto, ou, em outras palavras, como transportar o riquíssimo universo das teorias, debates e pesquisas mais recentes na área da linguagem, para a nossa prática docente, de modo que a fascinação e o interesse que sentimos ao ocupar as carteiras das universidades possam também fazer parte da vida dos nossos alunos.
Por que não trabalhar leitura, compreensão e produção escrita sob o enfoque da teoria dos Gêneros Textuais, de Marcuschi? Ou pela ótica da teoria da Tipologia Textual, de Travaglia? Por que não permitir que nossos alunos ao menos saibam que essas teorias existem e o que defendem? Por que não promover um momento de debate, para que então tenham condições de optar pela que melhor atende às suas necessidades?
Estudos como esses certamente contribuiriam de maneira muito mais eficaz para a formação de futuros cidadãos conscientes, críticos e aptos a enfrentar os múltiplos e complicados desafios da vida moderna, do que saber a classe gramatical de uma lista de palavras ou ecoar pelos seus anos de vida o som do preconceito linguístico.
É difícil definir o papel nas escolas de uma ciência cuja origem é relativamente recente, principalmente quando comparada às ciências clássicas, como a matemática ou a filosofia. Quase tudo em linguística ainda tem aquele cheiro de novo, especialmente em alguns campos de estudo a ela associados, como é o caso da sociolinguística, da psicolinguística e da neurolinguística.
As pesquisas mais antigas em algumas dessas áreas datam da década de 1940, ou seja, ainda estamos engatinhando no que diz respeito às amplas possibilidades investigativas que se colocam à nossa frente. Mesmo a linguística de forma tradicional, quer dizer, dissociada de qualquer outra ciência humana ou biológica, tem pouco mais de um século de vida.
Se ainda não há consenso entre os educadores sobre qual deve ser o papel hoje, nas escolas, de uma ciência milenar, como a filosofia, ou ainda, se a filosofia deve ou não ter algum papel nas escolas, o que dizer sobre a linguística?
O estudo da língua portuguesa no Brasil, tradicionalmente, sempre foi muito gramático, muito normativo. Até os dias de hoje sabemos que isso é prática comum. Diversos professores, notavelmente os mais antigos, ainda querem abordar a língua através da gramática normativa. Desejam que seus alunos decorem regras que, aos seus olhos, não fazem nenhum sentido, e que façam centenas de exercícios completamente descontextualizados. E quem pode culpá-los? Não foi assim que eles aprenderam?
Mudanças são com frequência motivo de desconforto, podendo até gerar traumas, se não forem bem planejadas e gradualmente implementadas. O professor “gramaticalista” recusa-se a conhecer novas teorias basicamente por dois motivos: por não dispor de tempo e/ou incentivo para buscar se inteirar das mais novas pesquisas em sua área do saber, ou, simplesmente, por não estar inclinado a alterar sua forma de trabalho, fruto de puro comodismo.
Os professores da nova geração, isto é, aqueles que tiveram oportunidade de estudar linguística mais a fundo ao longo dos quatro ou cinco anos de faculdade, costumam ser mais abertos e veem a necessidade de novas abordagens ao ensino de língua portuguesa nas escolas, segundo uma visão mais analítica e contextual, própria da linguística.
Embora esse seja um grande avanço, confessar a necessidade de mudança não é o bastante. O grande desafio reside em como promover alterações significativas no que está posto, ou, em outras palavras, como transportar o riquíssimo universo das teorias, debates e pesquisas mais recentes na área da linguagem, para a nossa prática docente, de modo que a fascinação e o interesse que sentimos ao ocupar as carteiras das universidades possam também fazer parte da vida dos nossos alunos.
Por que não trabalhar leitura, compreensão e produção escrita sob o enfoque da teoria dos Gêneros Textuais, de Marcuschi? Ou pela ótica da teoria da Tipologia Textual, de Travaglia? Por que não permitir que nossos alunos ao menos saibam que essas teorias existem e o que defendem? Por que não promover um momento de debate, para que então tenham condições de optar pela que melhor atende às suas necessidades?
Estudos como esses certamente contribuiriam de maneira muito mais eficaz para a formação de futuros cidadãos conscientes, críticos e aptos a enfrentar os múltiplos e complicados desafios da vida moderna, do que saber a classe gramatical de uma lista de palavras ou ecoar pelos seus anos de vida o som do preconceito linguístico.
domingo, 2 de maio de 2010
Quixadá: a cidade e sua natureza
Escrito por Alexandre Queiroz Pereira
Quixadá, situado no Sertão Central do Ceará, apresenta-se como cidade a partir do século XIX. Em meio à organização do seu traçado urbano, a cidade se envolve na formação de seu exótico e exuberante relevo. Marcada pelas feições ligeiramente planas da depressão sertaneja, Quixadá apresenta formas diferenciadas. Os processos produtores das formas terrestres, tanto internos como externos, esculpiram conjuntos de afloramentos rochosos de médias e elevadas altitudes que podem chegar a mais de 650 metros. Os Inselberg, denominação científica para os populares monólitos, integram-se a paisagem dos aglomerados urbanos distribuídos por todo o território municipal.
Da Sede, com seu patrimônio histórico, aos distritos mais distantes, os grandiosos paredões graníticos exibem-se com formas que levam o observador a viajar na imaginação. São exemplos a galinha choca, repousando e admirando, eternamente, a bela e centenária barragem do Cedro; a Pedra do Cruzeiro que oferece a todos uma visão panorâmica do Sertão cearense; assim como o morro do Urucum que sedia o Santuário Nossa Senhora Rainha do Sertão, lugar de paz e reflexão espiritual. Os monólitos são tantos e tão variados que no suspiro de criatividade pode reinventar e redescobrir aparências nunca imaginadas.
A Caatinga, às vezes densa, às vezes esparsa, promove junto a Cidade e aos Monólitos um habitat de seres vegetais e animais. Os vegetais demonstram firmeza e adaptação ao longo da estiagem, mas, verdejantes tornam-se ao sinal das primeiras gotas do céu. Os animais, lagartos, mamíferos e aves, encantam os olhares e ouvidos do espectador atento.
Os vários dias ensolarados e a intensidade da energia solar, proporcionada pelo regime do clima semi-árido, interagem com a atmosfera e com as condições geomorfológicas produzindo condições propícias tanto para as trilhas e caminhadas como também para a prática de esportes radicais nas alturas.
Em Quixadá, o Homem pode além de admirar a imensidão da natureza, reencontrá-la em si mesmo. Sem esquecer que além dos monólitos e da caatinga, Quixadá é feita da história viva de milhares de sertanejos.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
NOSSAS PESQUISAS - A INTERIORIZAÇÃO DO TURISMO: OPORTUNIDADES (D)E ADEQUAÇÕES
O professor Nicolai H. Dianim Brion, linguista, desenvolve atualmente pesquisa sobre o recebimento de turistas falantes de inglês pelos hotéis do município de Quixadá. Logo abaixo, um resumo de seus escritos:
A maneira de se desenvolver e trabalhar com turismo tem mudado, especialmente nas últimas duas décadas. Destaca-se a criação do Plano Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT) pelo Governo Federal, em 1987, o que possibilitou o crescimento de atividades turísticas em diversas cidades do interior do país. Regiões antes tidas como inóspitas ou que apresentavam baixa viabilidade para o recebimento de turistas – como o sertão nordestino, com seu áspero clima semi-árido – vêm conseguindo apresentar bons resultados.
Entre as modalidades turísticas alternativas de maior notoriedade, temos o ecoturismo e o turismo de eventos e negócios. No estado do Ceará, exemplo prático de resultados positivos na área do ecoturismo é o município de Ubajara, cujo parque nacional atrai centenas de visitantes todos os anos. Os municípios de Tejuçuoca e Guaramiranga, por sua vez, são exemplos de sucesso na organização de eventos. Este com o já consagrado “Festival de Jazz & Blues”, enquanto aquele caminha firmemente para a consolidação do festejo “Tejubode”.
A cidade de Quixadá, no coração dos Sertões Cearenses, apresenta riquíssimo potencial turístico, em diversas modalidades – ecoturismo, turismo cultural, turismo religioso, turismo de esporte, apenas para citar algumas. Entretanto, sua enfraquecida infraestrutura urbana ainda representa um entrave ao pleno desenvolvimento desse segmento da economia. As dificuldades mais evidentes incluem um deficitário arcabouço de transporte e saúde, além de problemas mais direcionados à área do turismo em si, como a quase nula estrutura de agenciamento.
Diante do quadro ora exposto e havendo tomado conhecimento da presença de visitantes oriundos de outros países em terras quixadaenses, resolveu-se sair a campo e pesquisar, entre os maiores hotéis do município, de que maneira os turistas estrangeiros, especificamente aqueles falantes de língua inglesa (como língua nativa, segunda língua ou língua estrangeira), estão sendo recepcionados no tocante às suas necessidades linguísticas, isto é, se os hotéis dispõem de um aparato mínimo para bem atendê-los.
A maneira de se desenvolver e trabalhar com turismo tem mudado, especialmente nas últimas duas décadas. Destaca-se a criação do Plano Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT) pelo Governo Federal, em 1987, o que possibilitou o crescimento de atividades turísticas em diversas cidades do interior do país. Regiões antes tidas como inóspitas ou que apresentavam baixa viabilidade para o recebimento de turistas – como o sertão nordestino, com seu áspero clima semi-árido – vêm conseguindo apresentar bons resultados.
Entre as modalidades turísticas alternativas de maior notoriedade, temos o ecoturismo e o turismo de eventos e negócios. No estado do Ceará, exemplo prático de resultados positivos na área do ecoturismo é o município de Ubajara, cujo parque nacional atrai centenas de visitantes todos os anos. Os municípios de Tejuçuoca e Guaramiranga, por sua vez, são exemplos de sucesso na organização de eventos. Este com o já consagrado “Festival de Jazz & Blues”, enquanto aquele caminha firmemente para a consolidação do festejo “Tejubode”.
A cidade de Quixadá, no coração dos Sertões Cearenses, apresenta riquíssimo potencial turístico, em diversas modalidades – ecoturismo, turismo cultural, turismo religioso, turismo de esporte, apenas para citar algumas. Entretanto, sua enfraquecida infraestrutura urbana ainda representa um entrave ao pleno desenvolvimento desse segmento da economia. As dificuldades mais evidentes incluem um deficitário arcabouço de transporte e saúde, além de problemas mais direcionados à área do turismo em si, como a quase nula estrutura de agenciamento.
Diante do quadro ora exposto e havendo tomado conhecimento da presença de visitantes oriundos de outros países em terras quixadaenses, resolveu-se sair a campo e pesquisar, entre os maiores hotéis do município, de que maneira os turistas estrangeiros, especificamente aqueles falantes de língua inglesa (como língua nativa, segunda língua ou língua estrangeira), estão sendo recepcionados no tocante às suas necessidades linguísticas, isto é, se os hotéis dispõem de um aparato mínimo para bem atendê-los.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Nossas Pesquisas - Reflexões sobre lazer, turismo e ócio na sociedade hipermoderna
Professora Débora Garcia, turismóloga, desenvolve suas pesquisas analisando as práticas turísticas na hipermodernidade. Confira o resumo de sua pesquisa atual.
Este estudo aponta para reflexões sobre a viagem turística e a consciência do
Lazer na hipermodernidade. Considerando que as viagens turísticas nas
sociedades pré-industriais tinham um significado de desbravamento, contemplação
e com foco na experiência em si, vislumbramos hoje uma tendência da indústria
do lazer massificando as experiências de viagem. O objetivo do estudo é de
verificar como a viagem turística, inserida na indústria do lazer pode se
comprometer com os valores do ócio humanista no contexto da hipermodernidade. O
estudo origina-se da investigação proposta pela pesquisa de dissertação de
mestrado intitulada “sentidos da viagem turística na contemporaneidade” em
desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Psicologia, na linha de
pesquisa sobre Ambiente, Trabalho e Cultura nas Organizações Sociais da
Universidade de Fortaleza/UNIFOR, Brasil. No estudo utiliza-se das principais
contribuições teóricas do sociólogo Gilles Lipovetsky (2007) para
contextualizar a atual sociedade hedonista de hiperconsumo, dialogando com os
estudos do Instituto de Ócio da Universidade de Deusto. Em meio a uma sociedade
que busca incessantemente o prazer em ciclo vicioso de imediatez e efemeridade
dentro de uma indústria de lazer, infere-se que a viagem turística quando
permeada pelos valores de ócio autotélico, pode ocorrer satisfação plena,
experiências de verdadeiros sentido para o sujeito viajante, logo que o sujeito
torna-se protagonista da sua viagem. Atos próximos a valores criativos,
autônomos, percebidos de sensações gratificantes, prazerosos, lúdicos e
embasados no autoconhecimento.
Este estudo aponta para reflexões sobre a viagem turística e a consciência do
Lazer na hipermodernidade. Considerando que as viagens turísticas nas
sociedades pré-industriais tinham um significado de desbravamento, contemplação
e com foco na experiência em si, vislumbramos hoje uma tendência da indústria
do lazer massificando as experiências de viagem. O objetivo do estudo é de
verificar como a viagem turística, inserida na indústria do lazer pode se
comprometer com os valores do ócio humanista no contexto da hipermodernidade. O
estudo origina-se da investigação proposta pela pesquisa de dissertação de
mestrado intitulada “sentidos da viagem turística na contemporaneidade” em
desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Psicologia, na linha de
pesquisa sobre Ambiente, Trabalho e Cultura nas Organizações Sociais da
Universidade de Fortaleza/UNIFOR, Brasil. No estudo utiliza-se das principais
contribuições teóricas do sociólogo Gilles Lipovetsky (2007) para
contextualizar a atual sociedade hedonista de hiperconsumo, dialogando com os
estudos do Instituto de Ócio da Universidade de Deusto. Em meio a uma sociedade
que busca incessantemente o prazer em ciclo vicioso de imediatez e efemeridade
dentro de uma indústria de lazer, infere-se que a viagem turística quando
permeada pelos valores de ócio autotélico, pode ocorrer satisfação plena,
experiências de verdadeiros sentido para o sujeito viajante, logo que o sujeito
torna-se protagonista da sua viagem. Atos próximos a valores criativos,
autônomos, percebidos de sensações gratificantes, prazerosos, lúdicos e
embasados no autoconhecimento.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Nossas Pesquisas - O papel das linguas estrangeiras na formação do guia de turismo
ESPANHOL COM FINS ESPECÍFICOS: PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO E NA ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA O CURSO DE GUIA DE TURISMO – QUIXADÁ/CE
Resumo das pesquisas desenvolvidas pelo Prof. Cícero Anastácio Araújo de Miranda
O município de Quixadá está localizado a 164 quilômetros de Fortaleza, e faz parte da macrorregião turística do Sertão Central do Ceará. O Município destaca-se na área do turismo por possuir uma natureza diversa. Com o aumento da visitação, houve demanda para a profissionalização dos agentes atuantes do turismo da região. A partir dessa necessidade, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) oferta, desde 2007, o curso de Guiamento Regional Especializado em Atrativos Naturais. Dentro da formação desses profissionais foi incluído o ensino do espanhol como língua estrangeira. Dentre os muitos desafios presentes no ensino de uma língua estrangeira para fins específicos, está a avaliação e a elaboração de um material didático, suficientemente útil para tal objetivo. O presente trabalho tem como metas principais, avaliar os materiais didáticos disponíveis no mercado, levando em consideração a sua aplicabilidade na formação de guias de turismo; e encontrar os melhores caminhos a serem tomados, para a escolha de um material didático específico para tal fim. Com esses objetivos, buscamos fazer uma revisão bibliográfica do já existente sobre o assunto, que nos apresentasse um norte a ser seguido. Dessa forma, avaliamos três dos materiais mais usados em Fortaleza, por ser uma cidade que representa um núcleo de cursos de línguas. Observamos os conteúdos que pudessem ser voltados para a formação dos guias e, finalmente, ouvimos professores da área sobre suas dificuldades e práticas na produção dos materiais instrucionais de suas aulas nos cursos de Turismo. Como resultados, apresentamos as dúvidas e angústias desses professores, as nossas conclusões sobre os materiais avaliados e a proposição de um caminho a ser seguido, na formatação de materiais úteis para o ensino de espanhol para guias regionais e profissionais de turismo em geral.
Resumo das pesquisas desenvolvidas pelo Prof. Cícero Anastácio Araújo de Miranda
O município de Quixadá está localizado a 164 quilômetros de Fortaleza, e faz parte da macrorregião turística do Sertão Central do Ceará. O Município destaca-se na área do turismo por possuir uma natureza diversa. Com o aumento da visitação, houve demanda para a profissionalização dos agentes atuantes do turismo da região. A partir dessa necessidade, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) oferta, desde 2007, o curso de Guiamento Regional Especializado em Atrativos Naturais. Dentro da formação desses profissionais foi incluído o ensino do espanhol como língua estrangeira. Dentre os muitos desafios presentes no ensino de uma língua estrangeira para fins específicos, está a avaliação e a elaboração de um material didático, suficientemente útil para tal objetivo. O presente trabalho tem como metas principais, avaliar os materiais didáticos disponíveis no mercado, levando em consideração a sua aplicabilidade na formação de guias de turismo; e encontrar os melhores caminhos a serem tomados, para a escolha de um material didático específico para tal fim. Com esses objetivos, buscamos fazer uma revisão bibliográfica do já existente sobre o assunto, que nos apresentasse um norte a ser seguido. Dessa forma, avaliamos três dos materiais mais usados em Fortaleza, por ser uma cidade que representa um núcleo de cursos de línguas. Observamos os conteúdos que pudessem ser voltados para a formação dos guias e, finalmente, ouvimos professores da área sobre suas dificuldades e práticas na produção dos materiais instrucionais de suas aulas nos cursos de Turismo. Como resultados, apresentamos as dúvidas e angústias desses professores, as nossas conclusões sobre os materiais avaliados e a proposição de um caminho a ser seguido, na formatação de materiais úteis para o ensino de espanhol para guias regionais e profissionais de turismo em geral.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
PROJETO ECOTRILHAS: Caminhos de Quixadá contempla alunos do ensino da Rede Estadual de Ensino
O Projeto Ecotrilhas: caminhos de Quixadá promoveu a realização de trilhas interpretativas, direcionadas aos alunos do ensino básico e técnico do município de Quixadá, que tiveram a oportunidade de estabelecer um contato saudável e educativo com o ambiente visitado. O roteiro abrangia o centro do Município de Quixadá e o entorno do Açude do Cedro. A primeira edição ocorreu nos dias 08 e 09 de dezembro, envolvendo 82 alunos da Escola Estadual José Martins Rodrigues e ainda os alunos do Curso Técnico de Guia de Turismo do IFCE Campus Quixadá. A atividade desenvolvida pelos Professores Alexandre Queiroz, Francisca Góis e Lucas da Silva, ambos do curso técnico de Guia de Turismo teve como objetivo geral despertar a imaginação geográfica e a consciência ambiental da sociedade local, através do desenvolvimento da prática didática turísticas dos caminhos urbanos e das ecotrilhas.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Nossas pesquisas - Identidades regionais e turismo
O professor Eduardo Lúcio do Amaral, historiador, integrante do grupo de pesquisa, vem discutindo os temas identidades regionais e turismo. A seguir, um resumo de seus escritos sobre o tema.
O objetivo principal da pesquisa é elucidar os vínculos entre o turismo, compreendido não apenas como atividade econômica, mas também como uma das necessidades do homem moderno, e as identidades regionais. Metodologicamente, busca-se a problematização do conceito de identidade, avançando nas relações históricas entre identidade e turismo. Finalmente, procura-se apontar dentre as especificidades dos sertões nordestinos, toda a gama de manifestações culturais que a singularizam no conjunto da cultura brasileira, fornecendo o embasamento para um intercurso entre a região e o turismo.
O objetivo principal da pesquisa é elucidar os vínculos entre o turismo, compreendido não apenas como atividade econômica, mas também como uma das necessidades do homem moderno, e as identidades regionais. Metodologicamente, busca-se a problematização do conceito de identidade, avançando nas relações históricas entre identidade e turismo. Finalmente, procura-se apontar dentre as especificidades dos sertões nordestinos, toda a gama de manifestações culturais que a singularizam no conjunto da cultura brasileira, fornecendo o embasamento para um intercurso entre a região e o turismo.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Democratização das Possibilidades

Escrito por Alexandre Queiroz Pereira, publicado no Jornal O Povo
Na atualidade as manchetes vinculam uma “quase” unanimidade: o planeta vem perdendo drasticamente sua biodiversidade. A fauna e a flora, componentes de ecossistemas raros, são dizimadas dia-a-dia pela indústria, pela agropecuária e pela urbanização. Todavia, há outro grande problema não diretamente comentado: o desperdício cruel de potenciais talentos humanos.
Há algumas décadas, a sociologia e a antropologia denunciam uma preocupante perca da sociodiversidade mundial. Quer dizer, inúmeras técnicas, costumes, ancestralidades, modos de vida dissolvem continuamente devido, principalmente, a expropriação dos povos nativos dos seus espaços (florestas, margens dos rios, sertão, zona costeira etc). Sabe-se que a cultura é uma manifestação social mutante, todavia, as transformações devem partir de uma escolha social e não de imposições, ou seja, a mudança enquanto possibilidade e não como pseudodestino (natural).
Além das consequências drásticas retro mencionadas, ocorre outro movimento mais sutil, mas não menos sórdido: a usurpação das possibilidades de conhecer. Grande parte da humanidade deixa de existir diariamente sem acessar a imensidão de conhecimentos socialmente produzidos. Compreendemos que o conhecimento formal (escolas, universidades, centros de pesquisas etc) não é a única expressão sociocultural existente, contudo, jamais poderemos desprezar os conhecimentos químicos, físicos, matemáticos, histórico-geográficos, sociológicos e ambientais até aqui construídos. Também não seria sensato desprezar as várias esferas artísticas; a experiência dos grandes gênios da pintura, da música, do cinema, do teatro e da literatura. Pelo contrário, torna-se urgente democratizar toda essa produção social e com isso possibilitar que novos talentos surjam.
Imaginemos quantos jovens brasileiros talentosos nem mesmo descobrem seus talentos. Nossa educação básica é falha e os meios de comunicação de massa (principalmente a televisão) reproduzem a mesmice e tolhem a criatividade. Aristóteles dizia que a matéria transforma-se a partir do movimento entre ato e potência. Somos ato sempre em potência de nos transformamos. O produto desde movimento, em grande parte, depende das condições socioeducacionais nas quais estamos emersos, circunscritos, embebidos e rodeados. É preciso elaborar mecanismos capazes de conduzir esse processo. Nosso País quer democratizar o acesso ao uso da internet em alta velocidade, mas não consegue propor políticas efetivas de barateamento dos livros.
As funções da escola básica e os conteúdos disciplinares vêem constantemente sendo reduzidos a uma antecâmara do vestibular. Somente um período pelo qual todos devem passar. A literatura, as línguas, as ciências, as humanidades devem ser trabalhadas não para responder a uma prova, mas para possibilitar aos alunos um conjunto de escolhas e visões de mundo, para que daí eles mesmos possam construir as suas.
Assinar:
Postagens (Atom)